quarta-feira, 30 de março de 2011

O mistério revelado


" Pense num mundo criado pela capacidade do homem de imaginar, de sonhar. Pense  em todas as possibilidades deste mundo."

    Estas foram as palavras que aquele homem enigmático usou para lhe revelar um mundo fantástico que ele jamais poderia crer que existia. Depois de ter encontrado uma mulher sem igual na biblioteca, a vida de Rafael mudou. Ela não saía da sua cabeça e ele queria saber, desvendar o seu mistério. Tentou por várias vezes encontrá-la novamente lá, mas não teve sucesso. Entretanto, passou a observar melhor aquele lugar e notou a presença de pessoas tão singulares que lhe chamaram atenção. Eram discretas, mas ele pôde  ver que havia uma conexão entre elas. Surgiam do nada, de repente saíam de um corredor e caminhavam pela biblioteca calmamente como os outros, depois saíam de lá, demoravam um tempo na cidade, mas sempre voltavam antes que a biblioteca fechasse e desapareciam como surgiam. Passou a frequentar muito aquela biblioteca. Pôde conhecer a sua rotina. Conheceu as pessoas que trabalhavam lá  e os leitores mais assíduos. Aos poucos se tornou tão familiar que ficou meio que imperceptível aos olhos dos outros. Um dia entrou apressado, pois  chovia e foi à cafeteria tomar um café. Estava no primeiro gole, quando um homem surgiu do corredor  na sua frente e foi falar-lhe. Era um homem grisalho, de cabelos comprido, muito alto e magro, e aparentemente forte, movia-se rapidamente, mas carregava uma espécie de cajado. Usava uma roupa escura e por cima um casaco longo, como uma capa de chuva preta. Seus olhos brilhavam com um furor inexplicável e isso lhe assustou. Parecia que ele iria agredi-lo, tamanha a sua raiva ao aproximar-se.  Chegou bruscamente e lhe indagou de forma ríspida: - O que você quer? Com a voz trêmula Rafael respondeu. -Eu? Como assim? Ele ficou ainda mais furioso. - Não se faça de tolo, sei que está nos observando. Diga! O que você quer? Rafael respirou fundo e respondeu. - Quero saber quem são vocês e como surgem do nada? O homem  contestou imediatamente. - Você não pode se meter na nossa realidade, vá embora e não volte mais! Este é o meu único aviso! Depois entrou no corredor e sumiu. Rafael ficou atordoado e permaneceu quieto por alguns instantes. Pensou  em  sair dali e nunca mais voltar. Quando entrou em uma espécie de transe ao ouvir uma voz macia e maliciosa dizer-lhe ao ouvido, quase sussurrando: -" Pense num mundo criado pela capacidade do homem de imaginar, de sonhar. Pense  em todas as possibilidades deste mundo."   Despertou assustado, virou e deu de cara com uma figura magra, quase esquelética, que lhe sorria com um olhar penetrante, dizendo que lhe revelaria tudo. Falou de um mundo paralelo, forjado pela imaginação e sonhos dos homens. Onde tudo era possível. Onde o limite não existia, pois as regras eram modificadas constantemente pela imaginação humana. Essa imaginação criava muitas realidades e os homens conheciam-nas parcialmente através dos livros e de seus sonhos. Entretanto, as histórias que eram criadas e escritas, ou sonhadas e esquecidas, continuavam nesse mundo paralelo. A conexão entre os dois mundos eram os livros, verdadeiros portais. E as criaturas do mundo paralelo tinham que passar pelo guardião dos portais para chegarem ao mundo "real". O guardião era aquele homem que havia ameaçado Rafael. Além disso, somente nas bibliotecas abertas era permitido fazer a travessia entre os mundos. Todas aquelas pessoas estranhas que Rafael havia visto pertenciam a este mundo misterioso.

Waleska Montenego em 17/06/2011

Observação: Leia antes desse conto "A dama do silêncio"
e depois dele leia: " A volta da dama do silêncio ". Ok?

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